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ARTIGOS

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A resposta imediata a esta pergunta certamente será um sonoro e grave “Não”; partindo do pressuposto que a dúvida inquestionavelmente é oposta a fé.

 

Porém uma avaliação mais cuidadosa, certamente nos conduzirá a uma compreensão mais ampla sobre esta citação.

 

Creio que é preciso compreender que, o sentido mais amplo sobre o conceito de dúvida dificilmente será assimilado se não houver uma disposição de refletir e pensar a respeito.

 

Existe em síntese duas formas de avaliarmos ou pensarmos sobre dúvida. De fato na perspectiva primaria não é possível ter fé e duvidar.  

 

Para isso devemos considerar a dúvida como objeto, ou instrumento de relativização daquilo que foi estabelecido ou designado por Deus. Um exemplo a considerar ocorre em Gênesis 3, quando o diabo personificado pela serpente, lança dúvidas ao dizer para Eva, “Foi isso mesmo que Deus disse?...” Perceba que o diabo neste dramático relato usa a dúvida como instrumento para suplantar literalmente do coração de Eva e, consequentemente de Adão; a confiança ou fé deles na palavra de Deus.

Então a dúvida que relativiza ou conduz a minimização da importância ou, mesmo desconsidera aquilo que foi estabelecido nas escrituras é prejudicial à fé.

Porém existe uma perspectiva de dúvida em geral desconsiderada, que ouso dizer; ainda que paradoxalmente, pode estar em harmonia com a fé e, até robustecê-la.

Trata-se da dúvida instigativa e a dúvida investigativa. Instigativa no sentido de que é instrumento que incita ou, impele os que por ela são acometidos; e os leva a perscrutarem de forma mais profunda o sentido e o objetivo de determinada revelação. 

Investigativa no sentido de que provoca o desejo de compreender melhor, de saber por que as coisas eram desta forma, e do por que determinados hábitos ou costumes eram adotados?

 

Creio que não seria equívoco considerar que este tipo de dúvida norteou os ilustres crentes de Beréia, vejamos o que diz o texto: “E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. De sorte que muitos deles creram...” At 17:11 e 12ª. Perceba que Lucas expressa que os Bereanos movidos por uma dúvida investigativa colocaram a prova o que Paulo e Silas estavam ensinando e, que após constatarem a genuinidade dos ensinamentos deles, o texto diz que creram; vejam que a dinâmica desta narrativa propõe algo interessante. Primeiro a dúvida os levou a investigar, posteriormente a investigação os conduziu a constatação e, a constatação por sua vez os conduziu a convicção ou, a fé.

 

Este tipo de dúvida é indesejável aos letárgicos; não só indesejável como veementemente repelida. Pois, tratando-se de questões teológicas possuem convicções ausentes de bases solidas, por esta razão procuram a todo custo camuflar estas fragilidades. Rejeitando qualquer sinalização de dúvida que possa de alguma forma revelar sua mediocridade.

É importante considerar que o receio de muitos líderes e cristãos em relação à dúvida na perspectiva abordada, é o reflexo de uma apologética apequenada que desconhece princípios básicos do que se crê, dalém das questões que envolvem o despotismo eclesiástico. Que não permite nenhum questionamento ou dúvida que comprometa sua posição de autoridade, mesmo que essa se assente sobre as poltronas da incoerência e da ignorância.  

A ausência deste tipo de questionamento ou, dúvida é que tem feito com que milhares de crentes se percam, ao assimilarem doutrinas altamente nocivas a fé.

É preciso estabelecer uma cultura de estímulo à dúvida: que investiga, avalia e verifica, a fim de se firmar ainda mais aquilo que se crê.

Embora deva ressaltar que é necessário haver cuidado ao realizar a condução da dúvida instigativa e investigativa; para que não sermos engolidos pelo redemoinho do ceticismo e liberalismo teológico, que lamentavelmente tem alcançado a muitos.  

 

Rev. Edson Junior – October 2020.                                                                                                                    

 

Revisão: Enoi Ramos

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